segunda-feira, 16 de março de 2009

Gardnerella vaginalis - Uma coletânea de chistes por Le Canaille

Um mimo para os leitores deste muladar de eufurias e ímpitos puéticos.

Segunda-feira de carnaval.

Vi, pendurado,
balouçando,
no escabelo.
Um feto morto
de arlequim.

Carta a Niels Bohr

Caro imbecil,
a materialidade é um
referencial prático,
não teórico.

Aforismo

Pressuponha algo
e conhecerás a verdade.

Escárnio

Deus ajude para que
a hiper-modernidade passe logo.
Temos que analisá-la, afinal.

O meu idílio

Segundo Wittgenstein,
tudo seria inefável.
Romântico, não?

Árcades...

O verdadeiro buco-
lismo está no útero.

Científico.

Todos os segredos
da ventura animal
estão distribuídos
pelos 9 cm do teu
canal vaginal.

A sentença cabal

Haverá sempre uma peleja
entre as idéias.
Caso o contrário...
Algum sortudo matou o
resto do mundo.

A razão é um beco.
...

O que há de mais lisérgico na democracia brasileira. Amém.

A desordem é a
ordem do povo.

Permitam-me a rima

Me enfastia
a simetria.

Lucro

O frevo deixou
Seu Luiz muito feliz.

Versos brancos

Daniel tremeu de medo
ao saber que Ana carregava
um rebento seu.

Ataque de nervos

"volte para casa antes das 6."
E os axônios saíram
para comer...

De poeta a filósofo, há um grande estirão.

Escrever é restringir idéias...
escrevo para gerar discussões!

Trovinha

Sexta-feira
casamenteira.
Feijoada completa.
Cerveja.
Mosquitos.
Ela me olhava
com os olhos fitos.
Eu...
olhava as galinhas.

Lacônico

Eu poderia usar de
um acervo de metáforas.
Para simplesmente dizer
que não sou comunista.

Poema da praça

Território insular.
Cágados.
Água.
Pedras.
Ó... ilha eu te
simbolizo num dístico.
Inalcançável como o
céu e as atrizes pornô.

Obstinação

Ainda hei de escolher
entre um grande amor
e um maço de cigarros!

Poema do dominado

"Poeta é aquele que
interpreta os sonhos"
E eu que semre pensei
que estes eram os
psicanalistas...

Durante uma transa:

...
- Meu bem...
- Hmm...
- Acho que nunca
superei a fase oral.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

A uma idiota que me amou

"Faire le mal pour le plaisir de le faire"
Prosper Merimée


Eu gosto de ver-te chorando,
Derramando vinho pelo manto
Branco da mesa. Co'um bando
Dos avantesmas do quebranto

A te rodear. Sou teu santo
E a mim tu rezas, ofegando
Com este bucho quase pando
De vinho barato. Teu canto

Melancólico, trás regojizo,
E eu, cruel diabo, indeciso
Penso em dar-te um alívio.

Mas a idéia foge-me à mente
E, a ti, eu desejo o quente
Inferno do eterno oblívio.

Afinal, o que é simplicidade?

Que mais é mister a um cabra,
Além de uma garrafa de pinga,
Uma mulher bonita que se abra
E um bom pedaço de caatinga?

Soneto

Sim, senhor, sim, eu ouço, sim!
Som grave, abafado esse que vem
Sei lá de onde, Sei lá de quem.
Som sem jeito, som feio, assim!

Não é som de choro, nem de frevo.
É som de nada rastando em nada;
Um som bem quieto, de madrugada.
Um som estranho, que não descrevo.

Este som de sussurro, de arrelia,
Ainda que amiúde, vem em demasia,
Aos ouvidos franzinos do cansaço.

Desabotoa o peito de um lavrador
Este som agudo, que cheira a dor,
Som de xaxado tocado em cangaço!

domingo, 11 de janeiro de 2009

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Carlos Darwin morreu na caatinga


Que seleção natural que nada...
O cabra mais macho desse sertão
É a doce figura, grossa e amada,
Do jagunço, vista curta, Lampião.

Cansado

Eu, enfadado, sento-me à velha mesa
E pergunto-me: "Diabos, em que lugar
Estaria, o alento da vida, que perdi
Pelas estradas opacas da existência?"

Deixei cair, no sono da abstinência,
Toda esta doçura ácida do frenesi.
Que maldição me assola! Quero amar,
Doar-me ao braços de uma portuguesa

Assanhada ou de uma mulata mansa.
É que ser niilista, ás vezes, cansa...
E me inspira a indagar pelo prazer,

Este aviltamento das mentes fracas,
Que se mascaram atrás de mil socapas
Para, hipocritamente, seguir a viver.